domingo, 20 de junho de 2010

CANÇÃO DO BALÃO

Meu coração chorou vendo da janela o morro dos Cabritos queimando, as chamas tornaram a noite clara, e o cheiro de madeira queimada chegou até nós. Uma tristeza sem tamanho, ainda mais porque a causa disso tudo foi a irresponsabilidade de soltar um balão. E me fez lembrar de um episódio que assisti quando era menina... vai ele, poemado:

O dia acaba,
Lá no canto o sol vai indo,
E a turma ali na rua,
Vai curtindo seu finzinho.

Já pularam corda,
Já correram, já jogaram,
Mas traçar seus planos,
Isso apenas começaram.

“Pro meu pai,
Vou pedir uma bicicleta”,
“E eu quando crescer,
Quero ser um atleta”.

“Eu não quero,
Nunca mais ter que estudar”,
“Pois eu o que quero,
É pra sempre viajar”.

E os planos continuam,
Coloridos e infinitos,
Até que um dos amigos os assusta,
Sem que desse um grito.

“Grande e colorido,
Vou soltar o meu balão,
Lá no alto vai ser um rei,
Vai parecer um avião!”

E todos se perguntam,
O choque em seu coração,
Com todas as queimas no mundo,
Como alguém quer um balão?

Mas o menino,
Certo em sua contra-mão,
Defende o seu egoísmo,
Não cede a sua posição.

"Se meu balão eu não soltar,
E desistir do meu corcel do ar,
Outro vem e ri de mim,
Solta outro em meu lugar".

Não, não, não,
Insistem os amigos,
Você esqueceu dos perigos?

Mas o menino correu,
E soltou o seu balão,
Colorido e iluminado,
Lindo como canção.

Porém logo em seguida,
Caiu lá do alto o balão,
Queimou e esturricou florestas,
Destruiu de montão,
De verde virou marrom,
Destruiu tudo de roldão.

Infelizmente o menino não entendeu,
Que cada um faz diferença,
Para cuidar do que é meu,
E também do que é seu.