sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O GUERREIRO AZUL

Uma breve homenagem a William Wallace e a tantos outros guerreiros, com nome e anônimos, que fazem da coragem não uma atitude simples, mas o auge da superação humana. Que mostram que o medo existe, mas que podemos superá-lo. E nos motivam a cada dia, quando enfrentamos as nossas próprias batalhas.

O GUERREIRO AZUL

Brada o guerreiro,
Rasgando a tarde fria,
Seu grito avançando à frente,
No caminho lhe serve de guia.

Sabe o que lhe espera,
Sente o cheiro da guerra,
Suas narinas inflam,
Captam eletricidade do ar.

E ele corre,
A grama corre,
O vento corre,
O grito morre.

À frente são muitos,
São tantos e tantos,
E os seus são poucos,
As armas toscas, os mantos rotos.

Mas o guerreiro urra,
Levanta a espada e saúda,
Sua gargalhada fria,
É punhal no medo.

A coragem é vinho,
Que lhe aquece as veias,
Já não está sozinho,
Outros saltam das aléias,
Ainda poucos e esparsos,
Caçam as "aranhas" nas próprias teias.

O fim da história não importa,
Quem ganhou, nem quem perdeu,
O que conta é que o guerreiro,
O medo mais profundo venceu.

E os bardos, trovadores,
Contadores de história, professores,
Contam aos novos a toada,
Do guerreiro mais humano,
A empunhar uma espada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONDÃO DO PERDÃO

De verde se veste a esperança,
Que rasga e costura meu coração,
O medo de estar errada me alcança,
Mas a conquista será canção.

Quero crer na verdade e nos olhos,
Daqueles que me esticam as mãos,
E mesmo quando meus dedos hesitam,
Me agarro com força ao perdão.

É bálsamo poderoso,
Curativo em unção,
Mas requer uso cuidadoso,
O delicado perdão.

Usado em excesso se dispersa,
Não tem mais efeito então,
Porém quando fica sem uso,
Se torna um muro que isola o irmão.

Mas existe uma medida,
Calculada com precisão,
Onde o perdão alivia,
Transmuta e extingue a pressão,
Se torna a chave da porta,
Que fecha o muro e liberta o irmão,
Cala o aflito e atenua,
O sofrimento, o perdão.

E todos temos conosco,
esse tão lindo condão,
Que nos faz uno e sólidos,
Que nos torna irmãos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

TRADUÇÃO DE UM CORAÇÃO

Para o Blues o "blue" (tristeza) é combustível, para quem faz poesia (não me atrevo a me intitular poeta) também... Mas hoje, um dia tão bonito (por nada em especial e por tudo de maneira geral), escrevi porque me sinto bem... :) Quem sabe leio esse nos dias de blues...

Sol e Luz,
Cobalto Azul,
Meu céu traduz,
Em cor, o meu coração.

Hoje, desejo e sonho,
Privilégio de alguns dias,
Em que nesgas de cor,
Rasgam o cinza incolor.

Agradeço então,
Valorizando a preciosidade,
De hoje, somente hoje, e talvez amanhã,
Acreditar na felicidade.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A DIGNIDADE DO PUNHAL DE PRATA

Um pouco lúgubre... rsrs Passeando por temas novos... E que me intrigam bastante...

No escuro o silvo,
Do punhal de prata,
Frio gélido obscuro,
Lindo mesmo quando mata.

A esquina grita,
Os cantos correm,
Não sobra ninguém,
Os que ficam morrem.

Labareda em sonhos,
cálidas mãos quentes,
Na realidade queima,
Fere quem a sente.

Esgueiram-se ratos,
Insinuam-se os gatos,
Baratas são rainhas,
Desse mundo rastejante.

E largado ao lado,
Ferido em sua dignidade,
O punhal de prata,
É vermelho de humilhação,
E rubro de mortalidade.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

LADRÃO DE SONHOS

Noticiário de domingo, Drogas, Crimes, Contos do Vigário, Golpes, ludibriar é uma arte em constante crescimento. Não é à toa que todos conhecem Malasartes. Pensando nisso, poemei sobre o Ladrão de Sonhos, personagem muito interessante. Tão letal para o arrogante e ganancioso quanto inócuo para o realista e humilde. Só ganha de quem quer ganhar dele, é na verdade um espelho invertido... Vamos lá.

Insidioso, maneiroso, traiçoeiro e garboso,
Na beira e no canto,
Se esgueira sestroso.

Sedutor, só fala o que se quer ouvir,
Na lapela a flor,
Meio murcha a sorrir.

Sua casca é linda,
Seu perfume cheio de promessas,
Ele todo um convite,
À quebra de regras.

E os incautos, com a coragem decorrente da ingorância,
Acreditam em seus cartazes,
Inebriados de arrogância.

Jamais questionam ou se perguntam,
Jamais duvidam ou avaliam,
Apenas compram o bilhete oferecido,
Mesmo amassado e vencido.

Diz o costume, há longo propagado,
Que apenas o muito esperto,
É assim enganado.

Pois pensa que está em vantagem,
Saindo na frente e ganhando de todos,
Ao comprar o bilhete,
De sedutor tão garboso.

E depois que passa a vertigem,
O transe inebriante,
Percebe o incauto amigo,
A verdade mortificante.

A promessa oferecida,
Por esse malandro de chapéu côco,
Tem validade vencida,
E tem miolo oco.

Na verdade, os prêmios, presentes e brilhos,
Que você pensa ter ganho,
Foram na verdade pagos,
Com seus mais lindos sonhos.

Vem fácil, vai fácil,
Escorre do bolso furado,
A moeda mais lustrosa,
É alumínio amassado.

Mas a cada venda ou negócio, que realiza o Ladrão,
Sai contente e feliz,
Assovia sua canção,
Que laranja madura,
Na beira da estrada,
Ou já tem dono,
Ou tá boa não,
E promessas tão boas,
Quase de "irmão",
Se o fossem de fato,
Não estavam à disposição.

domingo, 20 de junho de 2010

CANÇÃO DO BALÃO

Meu coração chorou vendo da janela o morro dos Cabritos queimando, as chamas tornaram a noite clara, e o cheiro de madeira queimada chegou até nós. Uma tristeza sem tamanho, ainda mais porque a causa disso tudo foi a irresponsabilidade de soltar um balão. E me fez lembrar de um episódio que assisti quando era menina... vai ele, poemado:

O dia acaba,
Lá no canto o sol vai indo,
E a turma ali na rua,
Vai curtindo seu finzinho.

Já pularam corda,
Já correram, já jogaram,
Mas traçar seus planos,
Isso apenas começaram.

“Pro meu pai,
Vou pedir uma bicicleta”,
“E eu quando crescer,
Quero ser um atleta”.

“Eu não quero,
Nunca mais ter que estudar”,
“Pois eu o que quero,
É pra sempre viajar”.

E os planos continuam,
Coloridos e infinitos,
Até que um dos amigos os assusta,
Sem que desse um grito.

“Grande e colorido,
Vou soltar o meu balão,
Lá no alto vai ser um rei,
Vai parecer um avião!”

E todos se perguntam,
O choque em seu coração,
Com todas as queimas no mundo,
Como alguém quer um balão?

Mas o menino,
Certo em sua contra-mão,
Defende o seu egoísmo,
Não cede a sua posição.

"Se meu balão eu não soltar,
E desistir do meu corcel do ar,
Outro vem e ri de mim,
Solta outro em meu lugar".

Não, não, não,
Insistem os amigos,
Você esqueceu dos perigos?

Mas o menino correu,
E soltou o seu balão,
Colorido e iluminado,
Lindo como canção.

Porém logo em seguida,
Caiu lá do alto o balão,
Queimou e esturricou florestas,
Destruiu de montão,
De verde virou marrom,
Destruiu tudo de roldão.

Infelizmente o menino não entendeu,
Que cada um faz diferença,
Para cuidar do que é meu,
E também do que é seu.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

BORBOLUZ

BORBOLUZ - A história da Borboleta de Luz

Bate a asa a borboleta,
Rasgo de cor e de luz,
Corta o canteiro certeira,
É o vento quem a conduz.

Ela não pertence a nada,
Ela não é de ninguém,
É das flores a fada,
Vai para onde convém,
O seu nome é Borboluz,
E essa é a missão que ela tem.

Rainha do céu azul,
Princesa das flores e cores,
Nada a prende à terra,
Não conhece temores.

Suas asas furtam a cor,
Das flores que visita,
Se mimetiza de roxo,
Se pinta de vermelho,
Pode ser rosa ou verde,
E brilhar de amarelo.

E bate asa e brilha luz,
Carrega consigo a certeza,
Da alegria que produz.

Sua magia é colorir,
Com sua breve passada,
A terra seca e triste,
Pela mágoa marcada.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

SOLIDÃO ACOMPANHADA

SOLIDÃO ACOMPANHADA

Nos braços frios do escuro,
Procuro a brecha no muro,
Que vai me levar a ti.

Te escondes só do outro lado,
Fechado em copas, quadrado,
Perdido em ti.

Como se pode estar só acompanhado,
Pelo destino arrastado,
Trazido de volta aqui?

Bato com força na porta,
O quadro na parede torta,
Perigando cair.

Mas do outro lado do muro,
Está o teu próprio mundo,
Que nem no murro eu abri.

E choro só a teu lado,
Coração devastado,
De saudade de ti.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

CORAGEM

CORAGEM

A coragem,
É a ausência total do medo?
É pelo escuro,
O desprezo?

Ser bravo,
É ser forte,
Ou ser zangado?
É rir do corte,
Ou chorar calado?

A audácia,
É a força motriz
Da superação?
Ou a pedra
Que te dá um tropeção?

Na verdade a diferença é tênue,
Singela, quase tem não,
Entre coragem e temeridade,
Tudo vem de como se avalia a questão.

O temerário nada teme,
Ou pelo menos assim ele se vê,
Não percebe a singela lindeza,
Que é ao Medo vencer.

Já o Medo é ingrediente,
Faz parte da alma vivente,
Tempera da conquista o sabor,
E a Coragem é a espada que corta o medo,
Que muda a corrente,
A seu favor.

E não há coisa mais linda,
Do que a força de ultrapassar,
Aquele medo quase paralisante,
Lá da frente para trás olhar,
Com a alma aquecida pela vitória,
Que nos renova para mais uma vez,
Lutar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

COINCIDENCIANDO

Pensando na frase de Einstein: "A coincidência é a forma escolhida por Deus para permanecer anônimo" me bateram alguns sentimentos, bonitos uns, contraditórios outros... Poemei... rs

COINCIDENCIANDO

Imenso, azul, intenso,
A roda do mundo gira,
Giram seus participantes.

Sozinhos, diversos,
Reunidos em grupos,
Acreditam neste, naquele,
Em nada ou em tudo.

Uma busca infinita,
Um achar constante,
Um perder errante.

Cada fato, cada momento,
É etiquetado, nomeado e definido,
Porque na busca das razões,
Acontecimentos se tornam sinais
Ou também explicações.

Mas acima de tudo isso,
Sobre todos essas situações,
Paira um pequeno medo,
Que às vezes penetra alguns corações.

Medo da solitude,
Medo da solidão,
Da ausência de motivo,
Da falta de razão.

Medo de que tudo seja à toa,
Medo de que não haja nada não,
De que não há ninguém olhando por nós,
De que não tenha ninguém no timão.

Mas aos poucos vamos entendendo,
Uns antes, outros não,
De que não estamos sozinhos,
De que há sim uma razão.

Para alguns vem de Alguém,
Para outros vem de roldão,
O que chamam de acaso,
Pode ser motivo ou explicação.

Mas fecho com a frase,
Que me aqueceu com a emoção,
Pois dita por um ateu,
Causa espécie e sensação:
Dizendo que Coincidências,
Na verdade nada mais são,
Do que a forma escolhida por Deus,
Para agir diretamente,
Sem precisar explicar a razão!

sábado, 3 de abril de 2010

A VIDA EM GOTAS

A VIDA EM GOTAS

A gota clara,
Suave e translúcida,
Corta o vidro de cima embaixo,
Escorre, soluça.

O céu escuro,
Azul, amarelo e roxo,
É riscado, marcado,
Pelo raio afoito.

As nuvens se chocam,
Se batem, se empurram,
No sumô da tempestade,
O espaço disputam.

E a gota segue,
Sozinha e pequena,
Sabe como a vida lhe será breve,
Sabe no fim qual é a pena.

Mas a cada centímetro que enfrenta sozinha,
Encontra brilhos e reflexos que atenuam sua sina.

E vai descendo,
Vidro abaixo,
Vida afora,
Ao lado dela tantas,
Iguais e diferentes,
Todas correm,
Ninguém chora.

E porque sabe que a jornada é breve,
E que evapora a cada segundo,
A gota escorre intensamente,
Vai cruzando o vidro do seu mundo.

E vai findando, vai secando e escorrendo,
O céu clareando, as nuvens sumindo e os raios morrendo.

A gota menina, agora senhora em seu caminho,
Vai buscando cansada a satisfação de cumprir seu destino.

E os raios do sol, que cortam as sombras e encontram a gotinha,
Dão a ela suas mãos, enquanto fecham as cortinas.

terça-feira, 16 de março de 2010

AS IRMÃS

Reflexos das reflexões de ontem à noite, me bateram alguns sentimentos novos, fui no fundo da alma, raspei e, para variar, "poemei". Interessante é que achei que ficou multi-facetado, que vai ser multi-interpretado, como um vinho, a individualidade do paladar e das experiências vai determinar o resultado.

AS IRMÃS

A arrogância é um banco de perna bamba,
Que te faz pensar que está no alto,
E a qualquer tempo te derruba,
Te dá uma banda.

A arrogância é a palmeira,
Que maior torna o tombo,
É a ponte da pinguela,
Que faz que leva,
Mas não chega.

A arrogância se faz de amiga,
Te acalenta na auto-estima,
Faz você pensar que não precisa de ninguém,
Que não erra,
Que está por cima.

Mas na verdade o que ela faz,
Insidiosa e traiçoeira,
É turvar sua clareza,
Tirando da força que tem a auto-crítica,
A razão de sua natureza.

Mas a arrogância tem uma irmã,
Meiga, suave e gentil,
Que engana a todos a sua volta,
Com sua aura de fragilidade,
Mas é forte que só ela,
O seu nome é humildade.

Na hora de escolher os times,
Separar seus jogadores,
Para o jogo da vida,
A arrogância faz sucesso,
Já entra no começo da partida.

Mas quando o jogo desenvolve,
E das pancadas surgem as feridas,
Percebe-se que com essa jogadora,
Você está jogando sozinho.

Nessa hora você lembra
que lá no banco, bem quietinha,
Espera seu chamado a outra irmã,
Serena e firme como rainha.

E essa irmã entra em campo,
E suavemente te mostra,
Que não há maior exemplo de força,
Do que quem pede ajuda demonstra.

Saber tudo é saber nada,
Poder tudo é vazio,
Estar junto é argamassa,
Dar o braço é contruir,
Olhar em frente é somar,
E multiplicar vem de dividir.

sexta-feira, 12 de março de 2010

SEMELHANÇAS DIFERENTES

O cabeçalho descabeçado pela necessidade de encabeçar coisa alguma. Segue.

SEMELHANÇAS DIFERENTES

Enquanto gente, interagimos,
Enquanto vivos, somos grupo,
Mas como lidar com o Uno,
Que é feito de diferenças?

Que se mantenha a esperança,
De que mesmo que o seu seja diferente,
Do que vejo em mim,
Ainda assim irei crer,
Que você quer para mim algo tão bom e bonito,
Como o que quer para si.

A cada um o que é de si,
A todos nós o conjunto de mins,
Formado pelos melhores defeitos,
E pelas qualidades imperfeitas,
Que no prisma de certezas,
Formam o Eu que reservo a mim,
E empresto a ti.

E fecho azul,
Profundo da tristeza,
Transparente da lágrima,
Puro na certeza,
Da brevidade da mágoa.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mudo não

Esse é baseado em uma história muito bonita que me contaram, peço licença aos participantes mas aprendi coisas tão importantes com esse episódio que não teve jeito, "poemei"... rs

MUDO NÃO

Era amor de verdade,
Seu primeiro,
Ainda na tenra idade,
Arrebatou-a ligeiro.

Passava as tardes, noites e dias
A sonhar,
E via sempre aqueles olhos,
Verdes da cor do mar.

Era daqueles que fascina,
Charmoso e encantador,
E todas as meninas,
O queriam para amor.

Mas era dela,
Que ele gostava,
E era com ela,
Que seus sonhos ele criava.

Mas esse sentimento,
Forte e puro,
Apesar do arrebatamento,
Tinha um lado obscuro.

A mãe dela o criticava,
Apontava e aferroava,
Sempre com má intenção,
Dizia que o jeito dele,
A incomodava,
Lhe causava irritação.

Pois que o rapaz tinha fibra,
Espinha reta e precisão,
Seu rumo era traçado,
Panos quentes tinha não.

E a menina sofria,
Com essa divisão,
E onde havia certeza,
Passou a haver senão.

As brigas não tardaram,
E feriram a canção,
Um sentimento tão bonito,
Maculado estava então.

E ela que tanto gostava,
Em busca de solução,
Disse a ele "por que não mudas?"
Ele disse "mudo não,
Pois se mudo talvez te tenha,
Se não mudo, me perco não".

Foi-se embora, fechem as portas,
As janelas e o coração,
A menina hoje chora,
A perda de sua canção.

O tempo passa,
A vida anda,
A menina casa,
Moça então,
Hoje mãe, amanhã avó,
Em seu coração um ferrão.

Sabe que lá atrás no tempo,
Onde estava seu amor de então,
Perdeu-se ela, fugiu-lhe o rumo,
Porque não confiou na emoção.

Deu as rédeas de sua vida,
À rigidez da razão,
Não confiou na ternura,
Porque vinha no furacão.

terça-feira, 9 de março de 2010

O que não sou

Postado em dia de sol, soa quase como cantiga de roda... Talvez devesse ter sido. :)

O que não sou

Quero ser passarinho,
Que só plana e voa sozinho.

Quero ser fruta madura,
Quando esborracha ainda pura.

Quero ser folha da planta,
Que no vento que bate ela canta.

Quero ser a pena que voa,
leve, do ar a canoa.

Quero ser pedra da rua,
Quente ao sol, toda nua.

Quero ser nuvem do céu,
Do alto a noiva de véu.

Quero ser estrela cadente,
Caindo e morrendo contente.

Quero ser criança de novo,
Quem sabe até pinto no ovo.

Quero ser folha de grama,
Que não interage e nem trama.

Quero ser gota do mar,
Quero ver alguém me encontrar.

Quero ser peixe no fundo,
Para ali esconder o meu mundo.

Quero ser fio de cabelo,
Que escondido se perde no meio.

Quero ser da lágrima a gota,
Que some tão logo ela brota.

Quero ser contra-corrente,
O que não quero é ser gente.

Quero não ser o que quero,
Ou quero o que quero, ou não quero.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A Lágrima

Celebrando a Dor, sem drama, apenas curtindo sua pungência (palavrinha cretina, mas enfim) compartilho a primeira postagem.

A Lágrima

Lágrima, lâmina fria de dor
Que singra os mares do teu rosto
Do sofrimento a flâmula incolor

Corre escorre dos teus olhos
Busca na fúria o precipício
Antes ocupado pelo sorriso

A força da tua correnteza
Traz consigo o jorro forte
Da fonte inesgotável da Tristeza

Não vem para todos
A Lágrima altaneira
Apenas presenteia alguns
E sempre à sua maneira

Cada uma que se esvai
Derramada em pranto teu
É testemunho de que você sente
De que amou
De que viveu

E seu rastro salgado
Que findo o pranto é notado
É qual marca na areia da praia
Avisando que o mar não tarda a voltar.