sábado, 3 de abril de 2010

A VIDA EM GOTAS

A VIDA EM GOTAS

A gota clara,
Suave e translúcida,
Corta o vidro de cima embaixo,
Escorre, soluça.

O céu escuro,
Azul, amarelo e roxo,
É riscado, marcado,
Pelo raio afoito.

As nuvens se chocam,
Se batem, se empurram,
No sumô da tempestade,
O espaço disputam.

E a gota segue,
Sozinha e pequena,
Sabe como a vida lhe será breve,
Sabe no fim qual é a pena.

Mas a cada centímetro que enfrenta sozinha,
Encontra brilhos e reflexos que atenuam sua sina.

E vai descendo,
Vidro abaixo,
Vida afora,
Ao lado dela tantas,
Iguais e diferentes,
Todas correm,
Ninguém chora.

E porque sabe que a jornada é breve,
E que evapora a cada segundo,
A gota escorre intensamente,
Vai cruzando o vidro do seu mundo.

E vai findando, vai secando e escorrendo,
O céu clareando, as nuvens sumindo e os raios morrendo.

A gota menina, agora senhora em seu caminho,
Vai buscando cansada a satisfação de cumprir seu destino.

E os raios do sol, que cortam as sombras e encontram a gotinha,
Dão a ela suas mãos, enquanto fecham as cortinas.

2 comentários:

  1. Um dos melhores que eu já li, até para minha capacidade poética um tanto limitada. rs. T amo! Mto!!

    ResponderExcluir
  2. Nossa! Você estava em Petrópolis esse dia? hehehe
    Gostei muito também.

    ResponderExcluir